OPINIÃO: Guarda Alta

Presidente da ACI-E, Alex Herold

 

Por anos frequentei a academia de luta e em todos os treinos ouvi dos mestres Felipe e Vini: – Guarda alta! Guarda alta! Mesmo assim, certo dia, cada aluno aprendeu a lição da pior maneira, ou seja, baixando a guarda antes de soar o gongo, inclusive eu.

 

Depois de muito trabalho das lideranças locais e regionais, objetivando aprimorar o projeto de concessão das rodovias estaduais do Bloco 2, em junho o Governo publicou o edital, designando o leilão para o início de setembro, sem resolver importantes questões levantadas pelo Vale do Taquari, especialmente pela Região Alta do Vale.

 

A Associação Comercial e Industrial de Encantado – ACI-E, mesmo depois da publicação do edital, manteve-se ativa. Participou da mobilização regional nas praças de pedágio de Encantado e Cruzeiro do Sul, apoiou a recente consulta pública regional, apoiou a excursão de lideranças regionais à Assembleia e ao Palácio na semana passada e nesta semana impetrou mandado de segurança coletivo contra a concessão, juntamente com as associações de Arroio do Meio (ACISAM) e Lajeado (ACIL).

 

Eis que, dois dias depois da impetração dos mandados – saliente-se, ajuizamento apoiado por 98,1% do Vale do Taquari e pelas principais entidades representativas – o Governo anunciou o adiamento do leilão, sem data definida para ocorrer.

 

O adiamento, sem dúvida, evidencia o que a ACI-E sustenta desde sempre: o projeto de concessão do bloco 2 precisa ser aprimorado, não sendo possível que seja levado a cabo com deficiências no plano de investimentos e com pedágios excessivos (tarifa mínima inicial beirando a R$ 10,00 por passagem) e já defasados, injustamente distribuídos pelo Vale do Taquari – em especial, onerando o setor produtivo da Região Alta e agravando suas as condições de desenvolvimento.

 

O Estado pode e deve assumir sua parte, no mínimo ser parceiro da iniciativa privada para viabilizar os investimentos necessários. Vejamos. Nos 30 anos de concessão, estão estimados R$ 4 bilhões em investimentos. O montante anual arrecadado só com o IPVA gira em torno de R$ 2 bilhões. Em pouco anos, o Estado arrecada em IPVA o equivalente a 30 anos da concessão em comento. O exemplo é simplista, sem dúvida, mas dá uma pista de que o Estado tem condições de participar dos investimentos que, repetimos, são de sua responsabilidade – basta ser eficiente.

 

Então recebemos a notícia do adiamento do leilão, sem nova data definida, como uma resposta esperada do Governo Gaúcho a todos os movimentos feitos pelas entidades e lideranças do Vale do Taquari em favor do aprimoramento do modelo de concessão.

 

Mas não podemos perder de vista o momento de campanha. Tomara que essa atitude não se revele um recuo meramente eleitoreiro. Esperamos, isto sim, que seja um recuo leal e de reconhecimento da necessidade de aprimoramento do modelo de concessão para o devido e oportuno avanço que todos queremos e merecemos.

 

Enfim, a ACI-E mantém a guarda alta.

 

Álex S. Herold
Presidente da ACI-E